Estação do Caminho da Graça em Salvador completou três anos. Desses, eu vivi com eles os últimos 22 meses. Quando cheguei, declarei que antes de tudo queria fazer amigos. Tenho visto muita coisa de boa acontecer desde então, olhando gente que com suas diferenças, escolhem o contato e o compartilhar uns com os outros do que possuem como modo de vida.


Percebo, hoje, que o Caminho se faz caminhando. Sofrendo com os que sofrem, chorando com os que choram e se entregando à vida que pede para compartilhar com os outros tudo o que nós temos. Na Estação vivemos muitos altos e baixos. Mas na minha percepção de que o Caminho não necessita de agendas nem representações, de que o relacionamento é o que realmente gera compartilhar de vida, me foi gerada uma motivação de continuar e me dar no que fosse possível para esses queridos irmãos. Não tenho muito, nunca tive. Mas parafraseando alguém “... não há ninguém tão pobre que não possa doar nada, nem tão rico que não possa receber nada”. Eu creio que no Caminho, carregar as cargas uns dos outros em algum momento significa não só compreender, mas também admoestar, corrigir ou indicar. Se entendermos o sentido de lavar os pés uns dos outros, essa etapa da nossa caminhada não nos será estranha.




Completar anos de idade não é importante. Tempo decorrido numa determinada condição é irrelevante se esse tempo não foi usado com desejo sincero de cooperação mútua. Infelizmente, muitos grupos humanos, com cunho religioso ou não, acabam acabando e desanimando os seus correligionários e participantes por conta da falta de propósito ou outros motivos de desânimo diante da proposta inicial. As igrejas que hoje dizemos que se afastaram do Evangelho tiveram o seu início, muito provavelmente, com desejo de ser sinceros em tudo na sua formação e continuidade. Se perder no Caminho não é privilégio deles. Qualquer um, mesmo uma Estação do Caminho da Graça, pode se desviar da simples proposta de apenas estar juntos para compartilhar vida e se tornar um fim em si mesma. Se arrogar na idéia de isso não pode acontecer pode ser o princípio do fim. Diante disso, apenas completar anos de idade não confere legitimidade a nada.


Entretanto, nesse caso, a Estação que completa três anos, está desejosa de mudança. O chamado do apóstolo Paulo para que não nos conformemos com o presente século, ou o presente mundo, mas transformemos a nossa mente, permanece. Estamos diante da possibilidade de aproveitar a oportunidade que Deus ora nos dá. Penso que o Caminho da Graça não seja uma instituição (mesmo não deixando de sê-la), nem um lugar para se achar o melhor do mundo, nem mesmo apenas uma idéia. Eu creio que o Caminho da Graça é uma oportunidade! Uma oportunidade que sendo-nos dada por Deus, pede que a aproveitemos para estarmos juntos e dividamos o pão de nossas vidas, procurando entender o nosso lugar no processo, sempre julgando a nós mesmos nesse processo, porque como disse Paulo, “...se julgarmos a nós mesmos não seremos julgados”.


Essa oportunidade, que pela Graça de Deus nos chegou através do Caio Fábio, pode ser bem usada ou não. E no fim das contas, assim como tudo para Jesus, o que importará vai ser a intenção do coração. Se em nós, mais do que o desejo de encontrar um espaço apenas para nos manifestar, houver o desejo de encontro com Deus nos outros, sobretudo nos irmãos de Caminhada, então essa oportunidade vai ser aproveitada e, realmente, vai valer à pena olhar para trás e dizer, com coração grato e apoiado na verdade, “... até aqui nos ajudou o Senhor”.


Um grande abraço a todos os que, como eu, creram nessa oportunidade e estão a fazendo valer a pena, afim de seguir o Caminho de cada um até o Pai. Parabéns irmãos da Estação Salvador, porque a Estação somos nós.


Salvador/BA, 13 de fevereiro de 2011
Anderson, irmão de vocês


Via: Estação Salvador