Leituras recomendadas: Gênesis 3 e João 6/7.


A Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal não produz dois frutos: um do bem e outro do mal — mas um só fruto. Sim, um só: do bem/mal.


De modo que em tudo há tudo: bem e mal; sem maniqueísmo; sem dualismo; sem esquizofrenia...


Nisto a Árvore é saudável: o fruto é um só; não se divide; e, apenas quem come é que pode designar a direção do saber ou da força ou do poder oriundo do fruto; embora a tendência humana seja fazer pender no mínimo para um mal sem brutalidade, e, no melhor caso, para um bem que vire logo uma questão moral, religiosa, ou filosófica; e não um bem apenas bem.


Não há um lado bom de tal Árvore.


Se houvesse Deus diria: Comam só o lado bom.


Sim! Deus diria de tal Árvore: Examinem toda ela e comam o lado bom!


Não! Naquele tempo, antes do elemento ambíguo, não havia tal conselho; o qual é sábio hoje, quando todos comemos do fruto todos os dias, e, nele, temos que morder apenas nas partes que se nos afiguram não apodrecidas pelo mal explicito. E isto sem muitas garantias...


Temos que nos examinar em tudo, pois, a comida, o fruto, virou natureza em nós.



Por isto o pior que nos aconteceria seria comermos da Árvore da Vida, e existirmos assim, desse jeito, para sempre.


Graças a Deus pela Criatura/Querubim que nos impede ainda hoje tal acesso; a menos que se ande pelo Caminho da Cruz, da Árvore da Vida que nasce da morte da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal.


Sim! Pois, a Árvore da Vida, se comida pelos sábios zumbis da outra Árvore, sem a crise da culpa e da redenção consciente, não geria vida eterna, mas apenas imortalidade; e, por conseguinte, a manutenção perene de nossa imutabilidade perversa...


Por isto Jesus foi tão agressivo...


Quando tratou da questão do que seja o alimento do nosso ser, Ele radicalizou.


E disse: “É assim!... Quem não gostar, pode ir embora agora...”


O convite não era para comer uma frutinha...


O convite era para uma orgia canibal...


Era para comer a carne e beber o Sangue Dele.


Era um convite para quebrar tudo da outra Árvore, de suas etiquetas, éticas, morais, estéticas, reservas técnicas, espertezas, e qualquer noção de desenvolvimento civilizatório — e simplesmente se atolar, cair de boca, babar de desejo de vida eterna enquanto se come o corpo/palavra/vida de Jesus; desistindo de qualquer frutinha da outra Árvore.


Não fugimos da Árvore do Conhecimento. Tudo em nosso mundo existe em torno de tal Árvore.


Estou aqui escrevendo e você está aí, lendo, por causa da Árvore...


Fui operado por tecnologia da Árvore, em seus avanços de natureza biológica, química, e até quântica [os computadores e aparatos eletrônicos modernos]; e, em razão disso, celebro a intenção que fez aquele ato ser de vida.


Mas, pelo mesmo saber, muitas coisas más estão sendo feitas agora na Terra, não necessariamente em salas de cirurgias, mas em laboratórios que se servem dos mesmos saberes acumulados a fim de darem uma outra direção àquele poder ou conhecimento.


No entanto, eu pergunto:


Por que outro meio se aprenderia o significado da vida, não como existência, mas como escolha do amor?


Sim! Em que outro ambiente de saber se poderia discernir a luz senão comparando-a às penumbras da ambigüidade?


Conheço os problemas “filosófico/teológicos que as questão levantam, mas, não me impeço em razão delas de admitir o fato que, sem nossas desgraças, não haveria o que de melhor nos aguarda, se não desistirmos da peregrinação nesse chão cinza/marrom — onde tudo não é tudo o que diz ser.


Assim, Graças a Deus pelo Evangelho; e, nele, pelo sim que é sim e pelo não que é apenas não.




Nele, que é sem ambigüidade,




Caio