"No dia em que se fizer a "conta" de quantos sejam os membros do "Caminho da Graça", nesse dia o "Caminho da Graça" acabou." (Caio Fábio)

Sobre CENSO de membros e IBGE celestial no Caminho da Graça.

Assim que me converti, em meio a uma adolescência aflita, entreguei-me à devocionalidade pessoal e li quase a
Bíblia toda.

Depois, me indicaram uma igreja. Eu fui.

Cheguei e já "superava os de minha idade" em relação ao conhecimento e à experiência íntima com Jesus.

Daí eu passei a desejar que todos experimentassem isso, e de pronto, com 15 anos, assumi a presidência de adolescentes da IPI.

De uns 15 jovenzinhos, eleitos por Calvino filhos de Deus de nascimento, passamos para uns 50 rapidamente, vindo todos do lado de fora do portão.

E foi aí que eu virei 'evangélico'...rsrs... Sim! Para manter o desempenho e a popularidade, eu virava o mundo do avesso, ligava pra todo mundo, mandava buscar, fazia jantares, sorvetadas, caldo verde, gincanas, shows de música, retiros, retiros, retiros...

Foi bom, mas perdi as primeiras referências de fé: que é viver a vida cristã para além das agendas de culto e reuniões.

Fui eleito, 3 anos depois, presidente de Mocidade; e aí que eu me tornei um 'promoter' mesmo... rs

Éramos quase 100 jovens (tirando adolescentes, jovens casados, e adultos que andavam com a gente) e vivíamos numa animada confraternização.

Mas uma coisa feia cresce na gente, sem que disso você se aperceba: Orgulho. A sensação de que "fui eu quem fiz!", sabe?

Então, passei a dar importância para o que carregava importância crucial para os entes da cultura pastoral: "Qual é o tamanho da sua membresia?"
Na Zona Noroeste, do outro lado da cidade, na década seguinte, começamos com 15 jovens, perdemos uns 10, mas em 10 anos, éramos 300 membros.

Culto cheio - igreja abençoada
Culto vazio - igreja sem unção

É assim que funciona a neurose religiosa pela caça às ovelhas (que eles chamam de "aceitar Jesus", e chamam de "uma nova família"), mas, na verdade, é só concorrência e inchaço, para desfilar de peito estufado nos cafés de pastores da cidade...

Sabe onde todos eles acabam, em especial as "comunidades", que já se ergueram prometendo ganhar o mundo?
1) Vasculhando métodos empresariais de crescimento e adotando um sobre o outro;
2) Paparicando gente importante para engordar tesourarias, e vigiando as divisões de igrejas vizinhas para ver se sobra uns despojos por ali...
3) Precisando fazer o show continuar o tempo todo, todo o tempo sem parar... Se parar, o povo debanda - o cara pensa.
4) Chamando de "pecado" faltar ao culto, e chamando de "desviado" o menos frequente. Chamando até de amaldiçoado, aquele emprego noturno ou de turno que te tira dos cultos semanais...
5) Dizendo que a igreja é mais importante que a família (a maioria não diz, mas DIZ!!!!)
6) Imitando as igrejas da mídia, que tem tanta gente reunida, que aquilo lhes enchem os olhos, e os caras vendem a alma (que já está vendida faz tempo) para ter um pouco daquele sucesso. Daí a Universal ter mais filhotes do que ela mesma desejaria ou suporia um dia ter...
7) Acabam assim, falsificando tudo: curam sem curar, falam em línguas estranhas bem conhecidas por todos, revelam terrores e bençãos da parte de Deus sem que Deus mesmo tenha se manifestado; transfiguram o ser para parecer sacerdotal, mosaico, especial...
8) Depois... infartam; ou ganham o mundo... Mas perdem a alma, o filho, a família.
Eu choro.

Tenho pena.

Parece a MATRIX. Impossível que seus olhos sejam abertos, sabe...

O 'deus desse século' lhes cegou o entendimento.

E se o Deus de Jesus Cristo tiver misericórdia, fará com eles como fez comigo:
Deixará que o cara adoeça até não ter controle nem de si mesmo, quanto mais dos outros. Fará que ele seja humilhado até deixar-se ser cuidado.

Fará que ele vire GENTE.
Hoje, eu não quero nem saber em quantos somos. Nunca conto. Nunca contei nem qtas Estações o "Caminho da Graça" tem... Não me entristeço quando somos poucos, não me entusiasmo quando somos muitos; só queremos ser TODOS! TODOS EM CRISTO e TODOS no Reino que não vem com visível aparência.Se não fosse pelos irmãozinhos tensos que vivem me cobrando apelos de frequência e fazendo sempre o censo comunitário, eu não teria qualquer aflição nesse sentido. Confesso que, às vezes, me angustio... Mas o faço em função dos amigos... Eles vieram comigo e não mudaram os critérios. Então, têm medo de que a gente "não vingue"...
Aflijo-me de vê-los aflitos. Tem muito mentor aflito com medo de que não dê certo! Estão tão nervosos que seu segundo estado se tornou pior do que o primeiro, quando tudo era somente um sonho bom...
No mais, as coisas estão acontecendo!

A gente só não vê, porque não trocou as lentes de olhar!

Não contamos ninguém, mas contamos com todos. Vamos precisar de todos.
Marcelo Quintela