SEM ADRENALINA E COM A ALEGRIA DE UMA
ADRIANA NATALINA!


Estamos no dia 5 de janeiro de 2012 [...] e eu tento relaxar um pouco, depois de cinco anos sem férias para descanso. Até agora ainda estou desacelerando... O descanso demora a vir!...

Quando eu vivia uma existência em ritmo de “Campanha Presidencial” — entre 1980 e 1998 — [...] e saí de férias...; isto depois de quase 10 anos sem parar..., nos primeiro 15 dias sentia-me deprimido; sim, inexplicavelmente deprimido...

Então, meu amigo Manfred Grellert me deu pra ler um livro sobre os efeitos da adrenalina no organismo; e, por aquela leitura, diagnostiquei meu mal: excesso dramático de adrenalina no dia a dia da minha devotada existência ao que eu cria ser a missão do Evangelho para minha vida.

Adrenalina é uma droga poderosa, a qual é provisão da Graça de Deus para momentos de perigo na sobrevivência. Por ela faz-se o impensável, suporta-se o insuportável, escala-se o inescalável, alcança-se o inalcançável.

Isto, todavia, é provisão de Deus para os momentos de extremo stress físico, quando a vida depende do choque químico que a Adrenalina produz!...

Entretanto, viver adrenalinizado é o diabo para corpo, a mente e espírito!
Na realidade creio que foi a Graça de um espirito descansado o que me fez sobreviver à agenda adrenalinizada a qual me submeti por tantos anos.

Sim!... Quatro a cinco viagens por semana; entrevistas para todas as mídias seculares e religiosas todos os dias; pregações e mais pregações de modo cotidiano; programas diários de rádio e televisão; reuniões e reuniões; atendimentos que variavam da angustia espiritual dos consultantes às situações mais impensáveis com empresários, políticos, pastores e presos do sistema carcerário; — sem falar nas campanhas de evangelização em estádios de futebol, ginásios de esporte, teatros, praças, praias, centros de convenções, hotéis, etc...


Agreguem-se a isso os “negócios do reino”: como canal próprio de televisão e sua expansão; rádios arrendadas por inteiro; revista própria [Revista Vinde], vendida aos milhares nas bancas e por assinatura; associações de “representação”; responsabilidades na direção de ONGs como o “Viva Rio”; diretorias em boards nacionais e internacionais [como o Comitê de Lausanne, etc...]; levantamento de fundos para manter toda essa parafernália; e, além disso, as ONGs como a Fábrica de Esperanças, com seus 65 projetos atendendo cerca de 24 mil pessoas por mês; a “Atitude e Solidariedade”, dando alimento, roupa e fazendo atendimento humano a mais de 1200 habitantes de rua todas as noites; sem falar num sem número de outras organizações que socorríamos no Brasil e em muitos outros países. Isto, ainda sem falar na “bendita folha de pagamento” e das responsabilidades inúmeras que de tal realidade humana advinham sobre mim diariamente...

Havia ainda os convites para pregar no Brasil e que se acumulavam por cerca de oito anos. Sim, havia grupos que se sujeitavam a entrar numa agenda que somente poderia ser confirmada oito anos adiante...

O mesmo acontecia no exterior!...

Não foram poucas às vezes em que saía de casa cedo de manhã [...], pregava na Europa no mesmo dia três ou quatro vezes, voltava...; e meus filhos não sabiam que eu tinha atravessado o oceano.

Por quatro anos tomei o avião todas as sextas-feiras no Rio para Miami e retornava na terça-feira cedo, em razão de que meus caçulas estavam estudando nos States, e eu não queria ficar longe deles em época tão dramática de suas existências adolescentes. Enquanto isso... — havia livros a escrever, artigos a produzir, textos para jornais seculares como O Globo e O Jornal do Brasil; e nos últimos anos textos semanais para o Jornal Extra, também do Rio.

E haveria mais... Sim, bem mais, mas já cansei apenas de lembrar como era aquele Inferno praticado em nome do Ministério Evangélico e das supostamente inadiáveis “necessidades do Reino de Deus”.

Pobre “Reino de Deus”! Leva a culpa de nossos devaneios e de nossas compulsões religiosas ou mesmo das nossas santas vaidades produtivistas!

Nos últimos anos, entretanto, não pude descansar por circunstâncias de outras naturezas; mas, nem por causa disso, o corpo e a alma deixam de padecer!

Primeiro foi a morte do meu filho Lukas. Fiquei dois anos sem ânimo pra tirar férias depois da partida dele. Trabalhar me descansava... Então veio a morte do meu paizinho. O mesmo aconteceu... Então veio a solidificação da Vem e Vê TV — pregar todos os dias sem precisar sair de casa, e ainda alcançar milhares de pessoas é uma tentação para um apaixonado como eu!...

Você viu que “O Caminho da Graça” não figurou na minha lista atual de atividades estressantes, pois, de fato, não o é. O Caminho, feito de gente boa de Deus, é meu descanso; deles, desses irmãos e irmãs, Deus o sabe, vem parte do meu balsamo!

O “Caminho” não me dá trabalho, só prazer!

Além disso, a vida em família, com minha mulher, filhos e netos é meu descanso e regozijo!

Todavia, depois de cinco anos sem viajar por e para nada, ou apenas para nada fazer, exceto me cansar de descansar, minha mente estava cansada.

Voltarei no dia 11 de janeiro...

Ficarei mais um mês na ativa; preparando o que se pode preparar para o ano; e, depois, sairei mais 15 dias; sim, na companhia de minha mulher, uma filha e uma netinha. Isto apenas para andar à toa...

Então, no dia 23 de fevereiro espero voltar com carga total. Sim, pois creio que 2012 será um ano muito especial; e, se Deus permitir, espero estar bem saudável a espera dele.

Tem gente que me pergunta se sinto alguma saudade de minha vida anterior. Brincadeira! Aquilo nem era vida; era uma existência, mas vida nunca foi!...

Daquela existência só tenho saudades da vida; sim, e esta se restringia aos meus filhos e a tudo o que vivemos juntos; realidades essas que hoje curto com paz com eles ainda [...], mas com os netos muito mais.

No mais, vivo o espírito de Isaías: “Eis que crio novo céu e nova terra; e não haverá mais memória das coisas passadas!...”

Assim, desejo a você um ano de 2012 cheio do amor e da paz de Deus, e apenas com as adrenalinas necessárias a real sobrevivência; sim, a adrenalina que diga respeito à vida, e não à existência feita de artificialidades que são transformadas em supostas  necessidades naturais, sem que o sejam!

Nele, em Quem o stress tem que ter sentido de vida,

Caio
5 de janeiro de 2012
Copacabana
RJ